quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

sem título 2

meus olhos, secos de lágrimas,

inventam novos discursos.

desses, conheço-os: muitos de sempre;

mentiras, verdades, misturados.

enganando o que se é.

às vezes, nada acontece.

é só o que se quer ver.

entender talvez não seja uma boa opção.

algumas outras isolar-se é o que há.

nada além de um ir pra dentro

num dentro que não tem fundo.

fica-se viajando, tentando ver paredes,

corações, olhos, sintonias, e nada.

também tenta-se ver mãos, sons, cabeças,

corpos, desejos, e, de nada, novo.

uma semi-loucura, que gela muito,

extremidades.

aquele conhecido desejo dos tempos umbrais:

sumir.

o erro aparece como a máscara que desagrega.

de mim aos outros. de mim a mim.

o corpo fractal, que se despedaça e vai se deixando pelos cantos,

deixando rastros.

o corpo fractal, que se repete como antigamente, mas de forma diferente.

algumas coisas, dizem, que se aprendem.

mesmos essas coisas eu questiono:

como saber aonde começa uma coisa?

e como saber aonde essa coisa terminou?

a música, ela sim, primavera que bate dentro,

transporta-me para fora.

como ser essa coisa que sei que sou?

e como ser essa coisa que sei que não sou?

uma metade, duas metades.

mas continua sendo...

pedra arrebatada num dia chamado quatro do um do dois mil e sete.

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