domingo, 1 de março de 2015

eu queria escrever...

queria escrever sobre como as coisas me afetam. queria escrever sobre aquele cara, lindo, chorando no ônibus, de frente a mim. queria dizer-lhe que tudo vai ficar bem, mesmo sem acreditar nisso. queria escrever de como desejei ir pra casa dele, dar banho nele, depois uma massagem, e botar pra dormir. queria escrever sobre um novo processo de arte/vida que começa daqui a uma semana. queria escrever sobre tudo que estou pensando sobre isso, sobre como isso irá me afetar, se me transformará, se a partir disso eu darei um outro passo, e outro, ou não, ou se ficarei no entre, ou se voltarei. queria escrever sobre todos os medos e desejos desse processo. queria escrever como é sentir as portas fechadas. queria muito escrever sobre essas portas invisíveis. essas portas que chamam de colonização. queria escrever como é muito difícil realizar alguns projetos de vida aqui. queria escrever sobre a tristeza que sempre fica no inverno, e de sua presença, lembrança e resistência ao entrar na primavera. queria escrever de como estou cansada de tentar furar o cerco. queria escrever de como estou estrategicamente me organizando para furá-lo. queria escrever de como xs amigxs me dão muito amor, e muita companhia e que sem elxs eu realmente não seria nada. queria escrever de como eu fujo delxs e de minha ausência em suas presenças. queria escrever de como não correspondo à altura e ainda assim somos amigxs. queria escrever sobre todos os projetos que gostaria de realizar e de que nem metade deles sai da minha cabeça. queria escrever em outras línguas. queria escrever sobre como perco muito tempo na cama, dormindo. queria escrever um livro autobiográfico. queria escrever os detalhes de como é envelhecer. queria escrever o quanto me sinto orgulhosa de ver uma cena tão linda, com pessoas tão lindas, de quanto elas me afetam e que rola afeto entre nós. queria escrever como cada pessoa faz parte de mim, me dá boas respostas para viver, para abrir cadeados, pular muros. queria escrever que tenho saudades de todas essas pessoas.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

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fracassadxs e degredadxs filhxs do mundo, que andam de porto a porto buscando a solidão, te ofereço meu caos, minha encenação e minha ambição, meu calor e pós-colonização. te amo essa noite mas deixe-me acordar sozinhx.