o kinsey conheço muito bem.
já vi várias vezes!!!!!
o freud inseriu os estudos psicaliticos sobre sexualidade humana na sociedade ocidental, kinsey fez suas pesquisas maravilhosas e foucault aprofundou as questões da história da sexualidade, suas interdições e aberturas, a influência da cultura greco-romana e católica etc.
é um trio de livros ótimos pra ler: a história da sexualidade (1, 2 e 3) de michel foucault.
deixa tão claro tantas coisas...
ele mesmo era gay, sadomasoquista e morreu por causa do hiv.
após esses estudos e movimentos (gays, lésbicos, negros, hippie, punk etc) surge a teoria/movimento queer, conectados à uma puta revisão sobre a sexualidade-gênero-sexo, suas performances e performatividades, indo além do binarismo homem x mulher, hetero x homo, natureza x cultura, natural x artificial, conectados ao lado mais anarquista dos grupos, mas sem perder a valência (valor questionador) de ser negro, gay, lésbica, travesti, trans e tantxs.
é tanto, que quando falamos de pessoas, não usamos mais o ELE ou ELA, usamos ELX.
o X representa possibilidades, assim como na matemática.
vc não É ele ou ela, mas ESTÁ ele ou ela ou outrx.
por isso a drag queen é uma figura crucial na revelação da falsidade das performances de gênero.
ser homem ou mulher, a drag diz com sua performance, é uma construção sócio-histórica, que posso muito bem, e sei como fazer isso perfeitamente, me transformar no que eu quiser.
então, a drag revela a hiper-feminilização do que se construiu e reproduziu e foi aceito como mulher.
por "não ser" mulher, e por desejar “sê-la”, as drags conseguem observar e copiar esse status.
e, nessa transformação, onde o desejo de ser é a arma mais forte, elas revelam que qualquer pessoa pode ser mulher.
a partir daí, procurar a mulher na vagina, no útero e nos seios, pode ser mais esclarecedor e acalmar mais os ânimos e os desesperados por uma certeza.
mas... a galera afinada com o queer, vai dizer que natureza e biologia não definem comportamento.
que tb a "natureza da mulher" é algo que foi construído paralelamente aos conceitos católicos (judaico-cristão) e políticos, justamente para enquadrar "a mulher" num determinado "lugar".
as que se rebelam contra esses lugares, são consideradas "histéricas" (resumindo, freud indica que só as mulheres podem ter histeria, e isso significa adoecer, gritar, ser deficiente, se desesperar pela falta/ausência do falo masculino), loucas, criminosas, "masculinas", lésbicas... e o resultado disso? são passíveis de violência, estupro, morte, desemprego ou sub-empregos etc.
nisso pra não falar nos intersexos (conhecidos antigamente como hermafroditas).
foucault analisa o diário de Herculine, uma hermafrodita de 1900, que viveu com freiras e se suicidou.
hoje, o hospital das clínicas de SP, possui uma área específica para os recém-nascidos intersexos.
vc sabe o que é quando um menino de uns 11 anos tem uma hemorragia interna na área do pênis?
com certeza a pessoa nasceu com vagina e pênis, e o médico juntamente com a família e seus costumes binários costuraram a vagina, esconderam essa "aberração" como quando se mata uma pessoa (e realmente mataram!!!). Mas agora esse corpo, que poderia viver suas várias possibilidades sexuais, reclama esse retorno: "Estou menstruando!! Quero minha vagina de volta!! Agora posso ter filhxs com meu próprio pênis, minha própria vulva, meu próprio útero!! Posso alimentar meus filhxs com meus próprios seios ou com os seios da vaca da minha mãe!!"
Então, o que posso indicar, são as várias mutilações a que as pessoas são condenadas, por não quererem seguir a performance de homem ou mulher, conectados a seu falo ou a sua vulva.
E não falo das pessoas transsexuais, que conseguem a operação de ressignificação de gênero, mudança de RG, acompanhamento médico e psicológico.
Essas também são condenadas.
O movimento queer reinvindica as possibilidades, assim como várias pessoas, artistas, grupos.
Reinvidicam a abertura e possibilidade de sobrevivência das pessoas com seus desejos em trânsitos, mas não se incomodam com o enfrentamento nem cedem às pressões.
Com tantas mortes e violências, como posso ficar calado?
É um pouco disso que está mais claro para mim nesse momento.
Adorei fluir nesse escrito.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
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